data-filename="retriever" style="width: 100%;">A História, ao reportar o que ocorreu em épocas passadas, sempre é uma narrativa parcial. Não quero dizer que os fatos históricos não sejam verdadeiros, mas que eles são contados a partir de um determinado ponto de vista. As atrocidades de uma guerra, por exemplo, são mostradas as praticadas pelos perdedores.
No caso da Segunda Guerra Mundial, o lançamento de bombas atômicas sobre duas cidades japonesas, com morte de milhares de civis, não é rotulado como uma atrocidade. A Guerra do Paraguai, na qual dois gigantes (Brasil e Argentina) somados ao Uruguai bateram o minúsculo Paraguai, é contada em prosa e verso pelos vencedores, como um feito extraordinário. Por outro lado, aqui no Rio Grande do Sul, a Guerra dos Farrapos, que perdemos, tem uma narrativa como sendo grande façanha gaúcha.
A História é sempre parcial, não deixa de ser verdade, porém, não inteira. Há casos, entretanto, que, por razões políticas e de poder, cria-se uma narrativa oficial, a partir do próprio Estado, de forma a infundir na população a ideia de que os fatos acontecem ou aconteceram de determinada maneira com objetivo de glorificar alguns e desmerecer outros. Hitler e Stalin, opostos entre si, manietaram a imprensa e o ensino de forma a que as suas "verdades" fossem as únicas a "fazerem a cabeça" da população. Mas não só governos são capazes disto. Grande conglomerados de imprensa conseguem disseminar seus interesses em forma de notícia e/ou entretenimento chegando, com facilidade, a erguerem-se à condição de "grilo falante" da nação (para os que não são da minha época, o grilo falante era a consciência de Pinóquio).
Faço esta introdução para abordar liberdade de imprensa e regulação da imprensa, que, na narrativa das empresas de mídia seriam a mesma coisa, quando não são.Liberdade de imprensa é a possibilidade de qualquer notícia poder ser noticiada, sem censura ou controle de quem quer que seja. Regulamentação da imprensa é garantir que nenhuma empresa de comunicação domine todos os meios disponíveis (rádio, tv, jornal, revistas) em nível nacional.
Exemplo não nos faltam, basta atentar para as grandes redes de TV com seus noticiários, novelas, programas de humor, moldando o pensamento brasileiro.Também é preciso diferenciar empresa jornalística do jornalismo. As empresas buscam lucro e tem interesses, o que é absolutamente natural. O jornalismo tem, ou deve ter, compromisso com a divulgação de notícias.
Quando uma empresa está atrelada a interesses econômicos de patrocínio de governos, acionistas ou anunciantes torna-se difícil a "isenção" tão proclamada.Toda publicação é editada, adaptada ao interesse da empresa jornalística. Alguns fatos merecem manchetes, outros nem nota de rodapé.
Nesta barafunda, vivemos das narrativas e não dos fatos propriamente ditos. Deixar de aceitar como verdade tudo que é publicado, manter o espírito crítico é uma forma de não ser teleguiado.